sexta-feira, dezembro 28, 2007

O marketing e a Lebre


Hoje em dia tudo é passível de ser maquiado e transformado numa coisa boa, positiva.

Mesmo as piores coisas.

Lendo o blog do FITI, dei de cara com um link para um texto do atual presidente corinthiano, Andrés Sanchez.

Me chamaram demais a atenção os recursos usados para fazer a queda de divisão parecer amena, quase boa.

Sobre a queda de divisão, vejam as belas palavras:

"É claro que todos nós torcedores, dirigentes ou pessoas ligadas ao clube recordaremos amargamente para sempre deste ano como aquele em que sofremos por alcançarmos a Segunda Divisão do futebol nacional."

"Alcançarmos a segunda divisão (!!!)"

E não estou aqui para espinafrar os corinthianos.

Estou aqui para dizer que é um absurdo que o marketing social exista, quando os objetivos das empresas sempre foram os mesmos: O lucro.

Se tem alguém ajudando alguém é pensando nas verdinhas. Se dar dinheiro aos pobres melhora a imagem da empresa e isso dá lucro, vamos dar dinheiro aos pobres. Se dá desconto em algum imposto, então melhor ainda.

É um absurdo que qualquer um julgue um suspeito ao vivo, sem que esse tenha chance de se defender, como acontece todos os dias nesses programas que aparentemente são os policiais da sociedade e estão a serviço do bem, contra os malfeitores.

É absolutamente abjeto o fato de que as propagandas mentem descaradamente, sobre preços, condições de pagamento e até a entrega do produto.

E eles podem mentir porque colocam no anúncio, láááá no final, um asterisco beeeeeem pequenininho, ilegível dizendo assim:

* essa promoção dura apenas meia hora e nós não nos responsabilizamos por cumprir nenhuma das condições anunciadas.

E a bela modelo que vemos nas revistas? Nem ela existe! É tudo um truque de photoshop e as pessoas compram aquele padrão de beleza, depois se depreciam, ficam infelizes com seus corpos, pois é difícil parecer daquele jeito, e compram o embelezator na farmácia e lêm no rótulo que aquele produto "embeleza em dois dias ou seu dinheiro de volta"

Tá parecendo um balaio de gato?

O que tem em comum em tudo isso?


Não sou a favor da censura, nem da ditadura, nem de restrições às liberdades individuais.

Mas pelo-amor-de-Deus, não podemos permitir que qualquer coisa seja veiculada por um simples motivo: essa veiculação mentirosa fere a liberdade e direito de escolha de muita gente.

Algo precisa ser feito no sentido de se verificar a autenticidade de informações divulgadas. E aí vai discussão pra mais de ano.

Mas é melhor discutirmos, pois caso contrário, teremos alcançado gloriosamente a segunda divisão, julgaremos milhares de inocentes como culpados, compraremos gato por lebre e continuaremos assistindo ao mais nefando espetáculo que é:

Informação sendo tratada como mercadoria, maquiada, usurpada, falsificada, embelezada.


"Ahh, mas acreditou porque é ingênuo, se tivesse estudado não acreditava...."


Moramos no Brasil, onde as pessoas não estudam, e quando estudam, o fazem de maneira precária, com baixíssima qualidade no ensino e no coeficiente de aprendizagem.

Quando vamos parar de cercear a liberdade de quem não tem como se defender?

Ou será que só a nossa falsa liberdade importa?

Ou o lucro?

Um comentário:

Filipe disse...

Di, só li hoje esse post.

É isso mesmo! É tudo farsa!

Não bastasse ser farsa, é farsa comprada. Aceita. Bem-aceita, aliás.
É o "normal"...