quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Pingos

Uma chuva torrencial que me atormenta e faz feliz

Devolva-me a água!

Deixe-me estar na tempestade e ser só ar.

Não estar com os pés no chão

e escutar os segredos dos pingos
dos relâmpagos.

Escritos pelas marcas no chão
histórias e devaneios do vento.

Agora ela veio de verdade.

Ah! relva como te ressentes
ao regozijar-se com essa chuva de torrentes.

Dos pingos brutos que a ti beijam
espancam-te, dançam contigo.

Não olha com quem conversa
não pede licença mas vem convidada.

Se anuncia com trompas e trombones
faz alarde e espalhafato

Se exaspera e se aquieta
deixando apénas sua aura azul.

E de sorrateira que és
faz a volta sem alarde.

Se instala em silêncio
e permanece por horas
enganando quem faz dela idéia pouca.

E de pouca água em pouca água
devolve-me o sabor da terra.

Finge ser pura inocência
mas resolve sua sina.

Infeliz do seco homem
que seus ares não respira,
cuja pele não atina,
cuja fronte é tão altiva,
que pragueja dessa vida,
e não olha mais pra cima.

Um comentário:

Ric disse...

puts!!
bonito pra caraí!

Pingos!Caiam sobre mim!