terça-feira, fevereiro 12, 2008

A paz

Só encontraria a paz se a olhasse
Se a procurasse debaixo de tudo
Se me fossem dadas a calma e a distração
Que dão lugar ao ar
Limpo, usado, lento e incisivo
Se me fosse permitido tudo encher de luz
Para ver como as coisas são

Nada seria tão diferente
Mas eu estaria ali
Podendo ver novamente
E flagrar as coisas como são
Iguais ao que foram
E podendo ver novamente
Fechar, e abrir os olhos
Aos poucos
E ver novamente tudo
E flagrar os fatos que iluminam as coisas
Que as enchem de ar
E as tornam como sempre foram
Iguais mas nuas
Envergonhadas
De nada serem em si

Sem alguém para respirar seus ares venenosos
filtrá-los, absorvê-los
Molhá-los com outras vestes
Amá-los com novos olhares
Do fino bolor extrair a dor
E da firme dor o rancor
E ao implacável rancor
Aplicar o máximo transformador

E deixar sair o ar
E deixar entrar o ar
E olhá-lo novamente
Com olhar desarmado e triste

Para vê-lo ainda rancor
Com outros matizes
Outra opacidade
E deixar sair o ar

4 comentários:

lufec disse...

uau!

Thurram disse...

A Arte de respirar...

Diogo disse...

A piração de res

Ric disse...

eu vi o esboço!
sou abençoado de ter pessoas assim ao meu lado!
vai garoto!